Momento do funeral de Michael Jackson, realizado no ginásio Staples Center, em Los Angeles, e transmitido por 18 canais
Tanto na televisão quanto na Internet, dezenas de milhões de espectadores acompanharam o serviço fúnebre de Michael Jackson (1958-2009). O evento, que contou com a presença de um grande número de astros, foi uma das despedidas mais assistidas da história.
Os veículos de mídia trataram boa parte das duas últimas semanas como um longo funeral público do astro da música pop. O processo culminou com o serviço fúnebre conduzido na terça-feira (7), no ginásio Staples Center, em Los Angeles. Jackson estava planejando retomar a carreira com uma nova turnê, pouco antes de sua morte, em 25 de junho.
Realeza americana
A empresa que afere a audiência americana, Nielsen Media Research, informou que os 18 canais que transmitiram o funeral de Michael tiveram audiência total combinada de quase 31 milhões de pessoas nos domicílios dos Estados Unidos, ao longo do evento que durou quase três horas. O serviço fúnebre de Jackson atraiu audiência televisiva maior que as despedidas de dois antigos presidentes, Gerald Ford em 2007 e Ronald Reagan em 2004. O funeral da princesa Diana, em 1997, atraiu 33 milhões de telespectadores.
Para dimensionar melhor esses números, o total combinado de audiência foi ligeiramente mais elevado que o de um episódio de American Idol, popular concurso de talentos musicais exibido pelo canal Fox.
Hit online
O serviço fúnebre do astro também atraiu milhões de espectadores online. O site de notícias CNN.com divulgou que 4,4 milhões de pessoas acompanharam o evento ao vivo pelo seu canal de vídeos; na MSNBC, foram 3,1 milhões. O Yahoo! registrou 5 milhões de acessos a vídeos do funeral, durante a cerimônia.
A audiência elevada parece ter confirmado a decisão editorial dos executivos de notícias, que defendiam a cobertura extremamente detalhada da morte do músico. ¿Existe imenso interesse por esse assunto¿, disse Bart Feder, vice-presidente de programação da CNN.com.
A morte de Jackson levou a uma disparada de audiência nos canais de notícias de TV a cabo que não se via desde a noite da última eleição presidencial americana. As edições de Nightline, um telejornal noturno da rede de TV ABC, sobre Jackson atraíram audiência mais alta do que as dos programas de entrevistas e humor exibidos por canais concorrentes. O canal de entretenimento E! informou que sua programação sobre Jackson, que ocupou toda a grade da estação na terça-feira (7), registrou um dos mais altos índices de audiência que a empresa já conquistou no período diurno em um dia de semana.
A extensa cobertura da morte de Michael Jackson levou alguns críticos a perguntar, em certos momentos de maneira ruidosa, se não estava havendo um exagero por parte das empresas de mídia. “Não se ouve falar de nada mais a não ser Michael Jackson”, disse o deputado Peter King, republicano de Nova York, em um vídeo distribuído no sábado via YouTube. “Vamos deixar de lado toda essa pretensa psicologia. Ele era um pervertido, um molestador de crianças, um pedófilo.”
Todo mundo ligado nele
Em uma pesquisa conduzida no final de junho pelo Pew Research Center for People and the Press, 58% dos que responderam a ela afirmaram estar acompanhando a cobertura sobre a morte de Michael com atenção ou com muita atenção, o que fez do caso uma das mortes de celebridades mais acompanhadas em pelo menos uma década. Ao mesmo tempo, 64% das pessoas declararam que as organizações noticiosas estavam dedicando tempo e espaço demais à cobertura do acontecido.
Jim Bell, produtor executivo do programa de entrevistas Today (NBC), disse compreender por que algumas pessoas estavam considerando que a cobertura fosse exagerada, mas afirmou que “Michael Jackson talvez tenha sido um dos maiores astros que os Estados Unidos já tiveram”.
Gosto pelo bizarro
Bell e outros executivos de notícias afirmam que a cobertura se justifica porque existem muitas questões em aberto sobre a vida e a morte de Jackson. Entre os temas que a cobertura mais enfatizou estavam as circunstâncias misteriosas em que ele morreu; o estado incerto de sua saúde; a custódia de seus filhos; e a emoção expressa pelos fãs de todo o mundo. “Acredito que esse assunto deva continuar reverberando por algum tempo ainda”, afirmou Bell.
Os dados de audiência do funeral de MJ aferiram que cerca de 20% dos domicílios norte-americanos equipados com televisores estavam ligados no evento. De acordo com a Nielsen, 21% dos domicílios assistiram ao vivo o julgamento no qual Jackson foi declarado inocente de acusações de abuso sexual, em 2005. Ainda, na terça (7), 20 milhões de pessoas assistiram aos especiais sobre o cantor, exibidos em horário nobre pelas redes de TV ABC, CBS e NBC.
A Akamai, empresa que mede para algumas empresas o tráfego de Internet, divulgou que a alta visitação a sites no dia do funeral de Michael só haviam sido eclipsados por um outro evento, em seus registros: a cerimônia de posse do presidente Barack Obama, em janeiro.
Mais pop que Obama
Diversos sites noticiosos cooperaram com o Facebook e o Twitter para incorporar atualizações à cobertura ao vivo do evento. O MSNBC.com mostrou mais de 75 mil tweets. “As pessoas queiram compartilhar daquele momento”, disse Charlie Tillinghast, editor geral de notícias do MSNBC.com. “Foi uma experiência coletiva”.
Ainda, o astro pop superou o presidente americano em pelo menos uma categoria. O Facebook informou que MJ contava com 7 milhões de fãs oficiais em sua página no site, o que representa o maior séquito entre todas as figuras públicas, que mantêm perfis por lá ¿entre as quais, Obama, que conta com 6 milhões de fãs.
Fonte: The NewYork Times